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Grau de investimento: o que muda nas suas aplicações

segunda-feira, 5 de maio de 2008 Leave a Comment

Grau de investimento: o que muda nas suas aplicações

Especialistas dizem como a melhora na classificação de risco do Brasil deve impactar os investimentos na Bolsa, renda fixa e dólar

EXAME Vale a pena fazer pequenas mudanças no portfólio de investimentos para adequá-lo ao fato de o Brasil ter recebido, nesta quarta-feira, o selo “grau de investimento” da agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Mas não é hora de alterações drásticas. “O Brasil não vai virar outro país amanhã”, diz Roberto Apelfeld, diretor executivo da gestora de recursos Legg Mason. “O investment grade faz parte de um processo de melhorias que vem ocorrendo na economia brasileira – e ainda há mudanças para ocorrer”. Veja abaixo as principais recomendações de especialistas consultados por EXAME:

Melhoram as perspectivas para a Bolsa?

Sim. Há duas explicações para isso. Uma delas tem a ver com uma situação momentânea do mercado. O patamar de 66 000 pontos do Índice Bovespa era considerado um marco importante para determinar o comportamento da bolsa por analistas especializados em avaliar os altos e baixos das ações – conhecidos como grafistas. Segundo eles, se o índice ultrapassasse esse patamar, teria condições de continuar em alta. Isso ocorreu nesta quarta-feira, quando o Ibovespa fechou com uma valorização de 6,3%, aos 67 868 pontos.

Outra explicação está relacionada à melhora dos fundamentos da economia. O fato de o país ter o grau de investimento pode diminuir o custo do financiamento das empresas locais – o que beneficia seus resultados e, por conseqüência, o desempenho de suas ações na bolsa. Esse movimento, porém, é de longo prazo. “O investidor não deve ficar otimista demais e esperar mudanças radicais nos próximos dias. Os fundamentos continuam valendo”, diz um analista. “Quem perder a cabeça corre o risco de perder muito dinheiro.”

Vale a pena aplicar mais em ações?

Depende do perfil do investidor. Quem estiver disposto a correr um pouco mais de risco pode aumentar as aplicações em bolsa – mas de forma moderada, entre 10% e 20%. Quem for conservador, porém, deve manter sua programação de investimentos, porque, embora as perspectivas sejam mais promissoras, o mercado continua arriscado. “O Brasil, como todos os países, está sujeito ao que ocorre ao seu redor, e a economia americana permanece em crise”, diz Roberto Apelfeld, da Legg Mason.

O momento é propício para investir em small caps?

Sim. Segundo os analistas, as small caps (empresas com valor de mercado de até 5 bilhões de reais) também serão beneficiadas pelo grau de investimento e devem registrar forte alta nos próximos meses. Essa valorização, no entanto, não deve ocorrer de imediato. “Os investidores estrangeiros tendem a preferir as blue chips (ações mais líquidas da Bolsa), mas num segundo momento, a procura pelas ações de segunda linha deve aumentar, valorizando os papéis”, explica Clodoir Gabriel Vieira, analista da corretora Souza Barros. As small caps, portanto, são indicadas para quem pretende investir no longo prazo. Para investidores de curto prazo, os analistas indicam as blue chips, que têm maior liquidez.

Como escolher uma small cap?

Dê preferência a papéis de empresas ligadas a setores da economia que estão em expansão, como construção, bancos, petróleo e gás. “Com as últimas descobertas da Petrobras, as empresas que fornecem material para o setor devem crescer rapidamente”, diz o analista da corretora Alpes, Fausto Gouveia. Uma vez escolhido o setor, o investidor deve comparar os dados da empresa de seu interesse com os de suas concorrentes, inclusive no exterior. “O estrangeiro só investirá numa small cap brasileira se as semelhantes em outros países forem menos atraentes. Por isso, não basta a ação estar barata, ela tem de ter um potencial de valorização superior ao de papéis de outros países”, afirma Gouveia.

O que ocorre com o dólar?

A previsão é de que a desvalorização da moeda americana continue. Isso porque, com o grau de investimento, investidores institucionais estrangeiros, como os fundos de pensão, que não podiam aplicar em títulos brasileiros, passam a poder fazer isso. Esse movimento aumenta o fluxo de recursos externos para o país, o que tende a depreciar o dólar.

O Banco Central deve parar de aumentar os juros?

Não, diz a maioria dos especialistas. “O objetivo da política monetária do BC é conter a inflação, e isso deve continuar”, diz Carlos Cintra, gerente de renda fixa do Banco Prosper. A intensidade da alta dos juros, porém, pode ser menor. “Talvez não chegue aos dois pontos percentuais de alta que muitos economistas esperavam”, diz Cintra. Isso porque a desvalorização do dólar frente ao real pode contribuir para segurar alguns reajustes de preços, especialmente de produtos importados.

É hora de mexer nas aplicações de renda fixa?

Não. O cenário continua o mesmo de algumas semanas atrás: os juros podem voltar a subir no curto prazo, mas, no longo prazo, a tendência é de baixa. Por isso, vale a pena aplicar em fundos DI ou títulos pós-fixados os recursos que serão sacados em até seis meses. O dinheiro que permanecerá investido por um prazo maior deve ser aplicado em fundos ou títulos prefixados, aqueles que fixam hoje o rendimento que será pago no futuro.

Por Francine de Lorenzo e Giuliana Napolitano

http://portalexame.abril.com.br/servicos/guiadoinvestidor/anuario/2007/m0158436.html

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