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Grupo Schincariol compra a marca Cintra de cervejas da AmBev

quarta-feira, 21 de maio de 2008 Leave a Comment

Negócio eleva em cinco pontos percentuais a participação de mercado do grupo no Rio de Janeiro.
O Grupo Schincariol anunciou, nesta quarta-feira (21/5), a compra da marca e a fórmula de cervejas Cintra por 39 milhões de reais. A marca pertencia desde novembro à AmBev, que a comprou por 10 milhões de dólares do antigo controlador da cervejaria, José Souza Cintra. Pelo acordo, a Schincariol também assume a rede de distribuição da Cintra e todo o material promocional, como as mesas e geladeiras com logotipos instaladas em bares. Leia Mais...
Com a venda, a AmBev atende a uma recomendação dos órgãos brasileiros de regulação do mercado. Em janeiro deste ano, a Secretaria de Direito Econômico (SDE), vinculada ao Ministério da Justiça, aconselhou a companhia a vender a marca e a rede de distribuição da Cintra, a fim de evitar problemas com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A idéia foi endossada pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda.

O negócio fechado com a Schincariol não abrange as duas fábricas que a AmBev adquiriu da Cintra no início de 2007 por outros 150 milhões de dólares. As plantas, instaladas em Piraí, no Rio de Janeiro, e em Mogi Mirim, em São Paulo, continuarão com a AmBev. Na época em que divulgou a compra, a AmBev afirmou que precisava das plantas para atender à expansão da produção programada para essas regiões. Para atender a demanda, a Schincariol pretende fabricar a cerveja Cintra em sua unidade de Cachoeiro do Macacu, também no Rio de Janeiro. De acordo com Marcel Sacco, diretor de Marketing do grupo, não haverá necessidade de ampliar a capacidade produtiva da fábrica para absorver a produção da Cintra.

José Augusto Schincariol, membro do conselho de administração da Schincariol, nega que a empresa tenha pagado caro pela marca. Segundo ele, como a transação envolveu também a rede de distribuição, o valor não foi alto. “A marca custou 16,6 milhões de reais. O restante foi para os outros ativos”, disse em teleconferência com jornalistas, nesta quarta.

Galgando pontos

Para a Schincariol, a aquisição representa algumas vantagens. A primeira é o aumento de participação de mercado. Segundo Sacco, a Cintra agregará 0,8 ponto percentual de market share nacional. Com isso, o grupo reforçará sua posição como vice-líder no ranking das maiores cervejarias do país, agora com uma fatia de 12,9%. No mercado fluminense, a mudança será ainda mais notável. Atualmente, o grupo possui 1,5% de participação no Rio de Janeiro, com a marca Nova Schin. A incorporação da Cintra catapultará essa fatia para 6,5%.

Outro ponto é a estratégia da Schincariol de diversificar seu portfólio de cervejas. “A Cintra vai concorrer com marcas mais populares, como a Glacial, que também é da Schincariol, e a Crystal [da Petrópolis]”, afirma Sacco. Esta é a quinta aquisição de uma cervejaria pelo grupo nos últimos 12 meses. Com o negócio, a companhia passa a deter oito marcas nesse mercado. No segmento premium, opera agora com as marcas Devassa, Baden Baden e Eisenbahn. No segmento médio, conta com a Primus, Nobel e Nova Schin. E, no mercado popular, atua com a Glacial e a Cintra.

Segundo José Augusto, do conselho de administração do grupo, no ano passado, foram investidos 600 milhões de reais somente em aquisições, dentro de um orçamento geral de 1 bilhão de reais. Neste ano, a companhia possui outros 1 bilhão de reais para investir, mas não revela quanto será aplicado na compra de outras empresas. “Sempre estamos olhando as oportunidades de mercado”, diz. Ele também evitou comentar rumores de que o grupo estaria negociando a compra de outras marcas, como a Dado Bier.

Inicialmente, o grupo pretende reforçar a Cintra nos mercados em que ela já se destaca: Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. Numa fase posterior, a empresa pretende expandir as vendas para outros estados, sobretudo os do Norte e Nordeste, onde a Nova Schin tem uma posição de destaque.

Insistência

Esta não foi a primeira vez que a Cintra entrou no radar da Schincariol. A cervejaria permaneceu à venda por mais de dois anos, até ser vendida para a AmBev em 2007. Nesse período, recebeu propostas de praticamente todas as concorrentes. No início do ano passado, a Schincariol era apontada como uma forte candidata a comprá-la, após José de Souza Cintra recuar de um acordo praticamente selado com a cervejaria Petrópolis. Na ocasião, os analistas afirmaram que, se concretizada, a aquisição garantiria à Schincariol uma expansão mais agressiva no Rio de Janeiro, além de impedir que a Petrópolis ganhasse posições no ranking brasileiro de cervejas. De acordo com Sacco, a Petrópolis é a terceira maior do país, com 8,6% de market share nacional, à frente da mexicana Femsa, com 8,2%. A Schincariol é a segunda maior do país, com 12,9%, e a Ambev mantém-se num distante primeiro lugar, com 67,7%.

Antes vistas como um negócio secundário, as pequenas cervejarias passaram a ser disputadas pelas grandes companhias com a perspectiva de expansão da economia brasileira. A indústria cervejeira cresceu cerca de 5% ao ano no último biênio. Cada uma das pequenas empresas do setor não chega a deter 1% de participação de mercado. As grandes companhias, contudo, as cobiçam pela capacidade instalada de suas plantas, pela sua rede de distribuição, e pela qualidade de algumas marcas.

A Schincariol não revela quanta cerveja produz, nem a capacidade instalada para esse mercado. O grupo limita-se a informar que a capacidade produtiva total é de 4 bilhões de litros por ano, incluindo outros tipos de produtos, como sucos, refrigerantes e água. No ano passado, o grupo registrou receita bruta de 4,5 bilhões de reais, 20% maior que a de 2006.

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