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Investidor individual aplica na contramão do estrangeiro

sábado, 9 de agosto de 2008 Leave a Comment

Sem força para definir o rumo da bolsa, pessoas físicas compram ações quando o mercado está em baixa e vendem quando ele está em alta.

Os brasileiros que investem como pessoa física na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ainda não são capazes de definir o comportamento do Ibovespa, o principal indicador do desempenho das ações, mas demonstram seguir à risca uma das máximas mais conhecidas do mercado financeiro, a de comprar papéis nos momentos de baixa e vendê-los nos de alta.

A estratégia acaba fazendo com que o investidor individual esteja quase sempre na contramão do movimento de investidores estrangeiros, esses sim poderosos o suficiente para fazer a Bolsa oscilar.

Essa dinâmica fica visível nos números de um estudo divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Investidores (INI), instituição privada que desenvolve programas de educação sobre Finanças. A partir da análise dos movimentos de compra e venda de ações por parte dos investidores, o estudo demonstra que as decisões dos estrangeiros coincidiram com o sentido do Ibovespa em 30 dos 42 meses analisados, num período que vai de janeiro de 2005 a junho de 2008. Ou seja, na maior parte do tempo, quando os investidores estrangeiros tiraram dinheiro da bolsa, ela caiu. Já quando eles aplicaram, a Bolsa como um todo subiu.

Segundo o gerente geral do INI, Paulo Portinho, o fato de existir coincidência entre o Ibovespa e as medidas dos investidores estrangeiros em 72% das vezes demonstra que eles são, de fato, os principais responsáveis pela determinação do índice.

Na tendência inversa estão as pessoas físicas, com 80% de correlação negativa com o Ibovespa. O número demonstra que nos meses em que a Bolsa caiu, os investidores individuais compraram e quando ela subiu, eles venderam.

A pesquisa não aponta as causas desse comportamento, mas a lógica desse tipo de movimento costuma ser a de que os “peixes pequenos” aproveitam as oportunidades geradas pelos “peixes grandes”. Por exemplo, quando os grandes fundos estrangeiros, que investem quantias incomparavelmente maiores que as dos investidores individuais, compram ações da Petrobras, a demanda crescente empurra para cima o preço dos papéis e estimula a pessoa física a realizar seu lucro vendendo as ações da empresa. Já quando uma notícia de recessão mundial leva o mercado a reduzir a expectativa de venda de minérios no mercado global e força os fundos a vender os papéis da Vale, o preço das ações torna-se atraente para o pequeno investidor, que os adquire na expectativa de revendê-los na maré de alta.

Tamanha influência dos estrangeiros também acaba por tornar o mercado brasileiro como um todo mais vulnerável às crises internacionais. Num momento de incerteza quanto às perspectivas mundiais, como o atual, a Bovespa tende a ver uma fuga de capitais mais acentuada que a de suas parceiras com maior percentual de participação dos investidores domésticos.
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