Subprime contamina bancos brasileiros
domingo, 13 de julho de 2008
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São Paulo, 7 de Julho de 2008 - O mês de junho não foi positivo, de forma geral, para a renda variável. O saldo de negociação dos investidores estrangeiros na Bovespa ficou negativo em R$ 7,41 bilhões, refletindo resultados corporativos ruins no exterior e expectativa de alta de juros e inflação crescente no mercado doméstico - cenário que resultou na perda de R$ 180 bilhões no valor de mercado das 396 empresas com ações negociadas na bolsa paulista. O valor em bolsa das empresas, de R$ 2,4 trilhões ao final de junho, representa uma retração de 7% em relação à capitalização bursátil de maio e de 13% sobre janeiro, tendo como vedetes as oscilações dos papéis da Vale do Rio Doce e da Petrobras. Mas entre as "top 5" da desvalorização, um outro setor despontou entre os mais impactados com a ansiedade do investidor nacional e estrangeiro. Itaú, Bradesco e Banco do Brasil são, respectivamente, a segunda, terceira e quarta maiores quedas na Bovespa em junho. Somados às perdas de Unibanco e Santander (Brasil), totalizam queda de R$ 59,69 bilhões em valor de mercado no último mês. "Os setores que têm grande peso no índice da bolsa, na condição de ações mais negociadas, são os que apresentam grande participação de investidor estrangeiro. Percebe-se que papéis de bancos e siderúrgicas lideram os movimentos de alta e de baixa", ressalta Max Bueno, analista da corretora Spinelli.
No período, a ação do Itaú recuou 19,2%, para R$ 32,60, como destaca relatório da corretora. Enquanto Petrobras e Vale oscilam conforme cotação e demanda de commodities no mercado internacional - e pesa, sobre a segunda, a ansiedade do mercado em relação à nova emissão de ações e o destino desse capital - os bancos nacionais têm sofrido o impacto das perdas do setor no exterior. "Os bancos nacionais estão sendo penalizados em 2008 pela relação com o setor financeiro mundial. As ações de bancos na Europa e Estados Unidos estão muito desvalorizadas devido à crise de crédito imobiliário de alto risco (subprime) e resultados operacionais ruins. Então o investidor está precificando os papéis brasileiros no conjunto do setor", avalia Nicholas Barbarisi, diretor de operações da Hera Investimentos. "Mas nossos bancos trabalham basicamente no mercado interno. A queda é exagerada e esses papéis trazem boas oportunidades." Bueno também acredita na valorização dessas ações em médio e longo prazo. "Estamos em um ciclo de aperto monetário com expectativa de alta dos juros. Embora juro mais alto não seja benéfico para as ações de nenhuma companhia, porque aumenta a taxa de desconto nas modelagens de valor das empresas, os bancos tendem a ter maiores receitas com tesouraria, que antes do crédito era o que garantia os lucros", avalia. "É uma estratégia interessante apostar nesse setor, inclusive para investimento defensivo, já que os setores que caíram mais podem ser os que retomarão melhor desempenho."
A Spinelli tem um preço-alvo de R$ 47,20 para Itaú, e também acredita numa valorização de 53% dos papéis do Banco do Brasil que, em junho, tiveram desvalorização de 19,6%, para R$ 26,15. Estabilidade da governança Além do desempenho entre as grandes companhias do setor bancário, o balanço do último mês da Bovespa aponta para maior estabilidade dos papéis de empresas listadas no Novo Mercado, segmento de maior nível de governança corporativa da bolsa paulista. Enquanto a retração geral no valor de mercado foi de 7% na Bovespa, o valor das empresas do Novo Mercado teve queda de 3,7% no mesmo período - mas inclui uma nova empresa, a OGX Óleo e Gás, que ainda não era negociada em maio. "Ao longo dos últimos dois anos, as empresas que têm adotado práticas de governança mais exigente, se preocupando com acionista minoritário e com regras mais rígidas, tem apresentado desempenho acima dos outros papéis. No momento de crise, acaba se refletindo também", avalia Barbarisi. O segmento aumentou ligeiramente a participação no valor de mercado total da Bovespa, de 17,92% para 18,54% em um mês, com 100 empresas. Em janeiro, 93 empresas do Novo Mercado detinham 14,08% do valor de mercado em bolsa.
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